Ligada tradicionalmente às festas e romarias da freguesia ou do sítio, a tourada à corda é corrida em plena rua, na estrada, com portas e cancelas convenientemente resguardadas com taipais de madeira atamancados à medida, num percurso que não poderá exceder os 500 metros, e os seus limites estão marcados, em ambos os extremos, por dois riscos brancos, pintados no chão com um intervalo de cinco metros entre si. Estas linhas servem também para discriminar responsabilidades em caso de estragos e prejuízos: a cargo dos mordomos da festa, se dentro; por conta do ganadeiro, quando fora.
A rua esborda de uma multidão passeante que o calor abafado empurra a entornar-se na cerveja e no vinho de cheiro. Às cinco da tarde em ponto, uma solitário foguete rasga o céu anunciando com estrondo a saída da primeiro toiro. Comandam-no os pastores, com uma corda de 90 a 95 metros, espécie de arreata que, por assim dizer, conduz e mantém o animal nas balizas do arraial.
Os pastores, homens do ganadeiro, vestem para o acto chapéu de feltro preto, camisola branca com feitio e calça preta ou cinzenta. Como manda a lei, deverão ser sete, divididos pelo meio e pelo fim da corda, mas o povo não gosta de lá ver muita gente. À frente, o rodador, que "vira a mão" consoante o toiro vai "pedindo", ajudado pelo resto do grupo da "pancada", para suster o animal no limite da corda durante toda a corrida. A pancada, há que saber dá-la: nunca por nunca "de estaca", isto é, de supetão, porque então o toiro tombaria. E isso seria uma vergonha!
Entre estes homens guarda-se e respeita-se uma tradição que vai marcar o desenrolar da lide e que ordena que "a primeira é do toiro e a segunda é dos pastores". Quer-se dizer: o animal é livre de arremeter o primeiro ataque, porque "só assim a luta é leal", ensinam-me os mais antigos, mas na segunda investida já poderá ser refreado pelos pastores.
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