sexta-feira, 12 de agosto de 2022

O grande Piçarra

Encontrei ontem por acaso o Piçarra, o velho Piçarra, o grande Piçarra - aos anos que não nos víamos um ao outro, eu e o Piçarra, rapaz da minha criação, em Fafe. Matámos saudades, recordámos os tempos antigos, falámos das nossas vidas, da família, dos filhos, dos netos, dos amigos que já morreram, das ex-árvores do Largo, daquela inesquecível excursão a Andorra, grandes malucos!, do espadal do Nacor, do Senhor Luís Filipe Vieira e do Rei dos Frangos, do Senhor Sérgio Conceição e do Senhor Macaco, do dr. Ribeiro e Castro, dos novos fascistas-racistas, da novíssima terminologia gay, de projectos para o futuro. Enfim, pusemos a conversa em dia e à distância derivado ainda à pancada da pandemia. Despedimo-nos calorosamente trocando abraços da boca para fora e números de telemóvel e apalavrando a marcação de um almoço para a próxima. Cada qual seguiu para o seu lado, e só então é que eu reparei que aquele não é o Piçarra, nem sequer é parecido com o Piçarra, apesar da máscara nos fazer a quase todos iguais. Na verdade, tenho agora a certeza absoluta de que não faço a mínima ideia de quem seja aquele indivíduo. Quer-se dizer: eu nunca na vida fui a Andorra e não conheço ninguém chamado Piçarra.
Em todo o caso, gostei muito de falar com o Piçarra, grande e velho amigo.

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