Foto Hernâni Von Doellinger |
No Verão da nossa terra, no Verão antigo, já a conversa era outra. Umas abençoadas senhoras, provavelmente as mesmas das castanhas mas sazonalmente reconvertidas, andavam pela caloraça das feiras e romarias vendendo copos de água de mina adoçada com açúcar amarelo e um remoto gosto a limão. Na vila, às quartas-feiras, pelos 16 de Maio ou pela Senhora de Antime, a "mina" era a bica da poça do Santo, que ficava ali à beira e era só comodidade. Em cima da cabeça, as despachadas senhoras, equilibristas que remédio, levavam uma rodilha e por cima da rodilha, consoante o uso dos sítios, uma bilha de barro ou um cântaro de lata revestido a cortiça. Anunciavam "Fresca e doce!", a água, e desatavam a fugir, de socos na mão e pés descalços, mal se precatavam da presença, ainda que distante e distraída, do perigosíssimo fiscal da Câmara...
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