quarta-feira, 22 de março de 2023

É fresca e doce!...

Foto Hernâni Von Doellinger
"Quentes e boas" são as castanhas, assim chamadas derivado à própria cor. Este Inverno por acaso até só foram quentes, às vezes nem isso, de resto apresentaram-se geralmente uma boa merda - secas, bichosas, bolorentas até. Mas ao que interessa: o pregão era, e ainda é, "Quentes e boas!", ou, como se dizia em Fafe, "Castanhas assadas a vapor, ó que boas, ó que boas!..."
No Verão da nossa terra, no Verão antigo, já a conversa era outra. Umas abençoadas senhoras, provavelmente as mesmas das castanhas mas sazonalmente reconvertidas, andavam pela caloraça das feiras e romarias vendendo copos de água de mina adoçada com açúcar amarelo e um remoto gosto a limão. Na vila, às quartas-feiras, pelos 16 de Maio ou pela Senhora de Antime, a "mina" era a bica da poça do Santo, que ficava ali à beira e era só comodidade. Em cima da cabeça, as despachadas senhoras, equilibristas que remédio, levavam uma rodilha e por cima da rodilha, consoante o uso dos sítios, uma bilha de barro ou um cântaro de lata revestido a cortiça. Anunciavam "Fresca e doce!", a água, e desatavam a fugir, de socos na mão e pés descalços, mal se precatavam da presença, ainda que distante e distraída, do perigosíssimo fiscal da Câmara...

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