domingo, 19 de março de 2023

Vai haver uma merda, disse ele

Foto Hernâni Von Doellinger
Um considerável pelotão de cicloturistas domingueiros passa em algazarra e desorganizado, atravancando razoavelmente a Rua Brito Capelo, centro decadente da cidade de Matosinhos. O líder do grupo olha para a esquerda, para o lado do mar, e vê uma multidão de milhares de sonoros atletistas domingueiros atravancando razoavelmente o Passeio Atlântico em aquecimento aos magotes cada qual mais pândego para a 19.ª Corrida Dia do Pai. O Passeio Atlântico está já de si razoavelmente atravancado com tralha domingueira despejada pelo Município matosinhense para inglês ver. Mas então, o líder dos cicloturistas, que é português de Rio Tinto, vê os atletistas e grita para trás, para os seus companheiros do pedal, provavelmente surdos:- Vai haver uma merda! Já estamos fodidos!...
E o pelotão, bem mandado e galhofeiro e afinal excelente ouvinte, repete razoavelmente e aos repelões:
- Fodidos!... Fodidos!...
Ah!, mansa vida, as manhãs de domingo na marginal de Matosinhos...

Eu sei que vou levar nas orelhas. O Nestinho - que é cicloturista e ex-ciclista, que é atletista e maratonista bissexto, que é eminente motociclista, mototurista e às vezes motosserrista, que aprendeu comigo a gostar de Fafe, e gosta muito, que é provavelmente uma das cinco melhores pessoas do mundo, e eu nunca soube das outras quatro -, o Nestinho, dizia eu, vai ralhar-me. Mas as coisas passaram-se razoavelmente assim...

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