"És um caguinchas!", chamou-lhe. "E tu és um parrano!", levou de troco. Todos os dias a mesma toléria, aqueles dois: colegas de escola, camaradas de armas, amigos do peito (mamaram da mesma ama e até tarde), parceiros de quartilhos e do falar antigo, mas assim que tal, mal se entornavam no tinto, escamavam-se por dá cá aquela palha. - Que tal a pinga? - Calar... -, isto antes do destruete, ali à frente do arraial inteiro: o arrepio, o atraso-de-vida, o borra-botas, o cagão, o moncoso, o ranhoso, o bisnaga, o torto, o piolhoso, o chulezeiro, o lamprancho, o pinante, o larilas, o maricandeiro, o azeiteiro, o boca-rota, o boca-suja, o leva-e-traz, o lambe-conas, o chupista, o choupilo, o mal-ajambrado, o todo-tirone, o lonchanei, o pinto-calçudo, o côdeas, o broeiro, o minguches, o cachicha, o piça-fria, o caga-na-saquinha, o corno, o sacrista, o licranço, o pascácio, o colhões-dácio, o videirinho, o sebento, o gijo, o catinana, o belga, o caiçara, o desgraça, o fastio, o esticadinho, o adeus-ó-vai-te-embora, o puta-velha, o boxevista, o já-me-tinhas-dito, o escova, o morgado, o penquicite, o bastelo, o bítala, o alma-grande, o meia-foda, o chega-rebos, o gibreiro, o armante também conhecido como senhor-caguei-pra-ele, o peneirento, o doutor-da-mula-ruça, o molho-de-ossos, o pau-de-virar-tripas, o meu-rico-menino, o remelado, o aluado, o lingrinhas, o matarruano, o burgesso, o chorinhas, o bronquite, o bom-serás, o enjoado-de-merda e o ganante, que tinha artes de desaparecer na hora das contas. Os do costume, portanto. Ainda por cima, com o molageiro, calistro profissionalizado e moina residente na mesa do canto, sempre a meter bedelho e carvão como quem não quer a coisa. Que se segue? Apartava-os o alemido - "Bonda!", mandava ele, guindando-se da cadeira que já se lhe formatara ao cu, e ia às carreiras botar água na fervura antes que desse para o torto, escarmentado por mor daquela vez em que o liorneiro pôs tudo aos tiros só por ter chamado cosmopolita ao lincréu...
Quem me contou foi o anzoneiro.
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