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domingo, 30 de março de 2025

Os Sexy Rannas

Conversing
- Estás com pressing?
- Não. Por acaso até tenho timing.

Outubro de 2015. Morreu Jim Diamond, o escocês que cantou I should have known better. A notícia, apresentada desta maneira, apanha-me completamente desprevenido. Não faço ideia de quem é o falecido, e o nome da cantiga, assim em estrangeiro, também não me diz grande coisa, porque sofro de disfunção relacionada com títulos e letras de canções, sejam as canções e os títulos e as letras em que língua forem. Só conheço as melodias, e apenas de vista. A minha ignorância é, realmente, formidável.
Mas quem procura sempre alcança, como dizia o sábio ginecologista polinésio. Procurei, portanto, e cheguei lá. Ao Jim Diamond, que continua a não me dizer nada, mas agora por razão de força maior, e à cantiga em questão. À melodia. E aqui, sim, veio-me à memória um extraordinário grupo de rapazes que fizeram época em Fafe na década de oitenta do século passado e que, se não me engano, criaram no Café Chinês uma interessantíssima versão aportuguesada do tal sucesso de Diamond, versão essa injustamente ignorada pela Billboard. Paródia e paronímia, com todas as sílabas a baterem certo com o inglês original, seria, se bem me lembro, algo parecido com o que se segue a respeito do meu primo Zé, que por acaso também era da corda: "O Bomba não bebe. Não bebe, não bebe, não bebe, não bebe pouco. O Bomba não bebe. Não bebe, não bebe, não bebe pelo nariz"...
Lembrei-me dessa malta toda e deu-me vontade de rir, ri-me como um perdido e soube-me bem: eles eram - não sei se vou dizer correctamente - os Sexy Rannas, assim autoproclamados, eram a geração e o bando do meu irmão mais novo, meninos para o preciso, gente do melhor que Fafe tinha, e, se andarem por aí, o que lhes estimo é o que lhes desejo, a todos em geral e a cada um em particular, mais às respectivas e excelentíssimas famílias, se é que chegaram lá.

P.S. - Versão publicada no meu blogue Mistérios de Fafe.

quarta-feira, 13 de setembro de 2023

Carolino, sempre!

O Naninho Carolino, que é solteiro militante e uma jóia de moço, chama-se Carolino por causa da avó, que era a Senhora Carolina, casada com o extraordinário Zé de Castro, o nosso poeta cauteleiro, que uma vez mandou a mulher para o hospital com uma sacholada na cabeça. E teve a sorte de nascer filho da querida São Machica, que era um furacão, e do Sr. Zé Manel, que era um anjo, isso mesmo, um anjo, e talvez também o melhor calceiro de Fafe. Calceiro, para quem não sabe, é o alfaiate especializado em fazer calças. O Naninho, os avós, os pais, os irmãos, o tio Luís Mário, meu amigo, tudo gente de categoria do nosso Santo Velho. De resto, o Naninho até se chama Hernâni Ferreira Castro, pertenceu à ínclita geração dos Sexy Rannas e era um dos heróicos resistentes que iam mantendo viva a Associação Desportiva de Fafe, o seu verdadeiro caso de amor, e digo "era" e "iam" porque, tanto quanto julgo saber, o Fafe faleceu aqui atrasado e agora é outra coisa. E o que é que acontece? Quando se fala em arroz, lembro-me sempre do Naninho a soprar pelo canto da boca ao peidinho do penteado. Carolino ou agulha, eis geralmente a questão, e eu, palavra de honra, não percebo onde é que está a dúvida.
Tomem nota, antes de mais, desta pescadinha de rabo na boca: o arroz carolino é um produto português, nado e criado nos estuários dos rios Sado, Tejo e Mondego, e Portugal é auto-suficiente na produção de arroz carolino. Já o arroz agulha é de origem asiática, quase todo importado. Não vou entrar em contradição com o que já escrevi outras vezes noutros lados, não tenho nada contra o que é estrangeiro, sobretudo se for melhor. Mas a verdade é que, se todos comêssemos do nosso arroz, e nós comemos arroz como se fôssemos chineses, dávamos um bom empurrão aos produtores nacionais e até podia ser que o preço ao consumidor baixasse.
Mas, patriotismos à parte, o fundamental é que o carolino é o arroz ideal para os pratos tradicionais da cozinha portuguesa. Com uma cozedura mais demorada e a exigir maior presença e atenção, é certo, mas mais cremoso e aveludado na calda final, e absorvendo melhor os condimentos e os paladares dos outros ingredientes, o carolino é a base indispensável para os nossos mais deliciosos arrozes, os malandros: do arroz de polvo ao arroz de tomate, do arroz de marisco ao arroz de bacalhau, do arroz de feijão ao arroz de peixe, do arroz de grelos ao arroz de cabidela, do arroz de sarrabulho ao arroz de lampreia, e fico-me por aqui, que isto assim também é um castigo...
Quanto ao agulha, é absolutamente recomendado para quem não sabe cozinhar (por exemplo, os novíssimos chefs do arroz de atum, de lata, que lata!) ou para quem, como agora se diz, não tem tempo para estar na cozinha, que é a mesma coisa.
Portanto: carolino, sempre! E um grande abraço para o Naninho!

O mar começa em Fafe, devagarinho

O rio Vizela nasce em Fafe, exactamente no Alto de Morgair, antiga freguesia de Gontim. Depois de banhar Fafe, sobretudo na barragem de Quei...