Moedas perdeu a noção por momentos, esqueceu-se da agenda, obliterou-se da realidade, entaramelou-se-lhe o entendimento, pedofilia deve ter-se-lhe confundido com columbofilia, encobrimentos soou-lhe a descobrimentos, Moedas, o presidente-padrão, perdeu de repente os sentidos, sobretudo o sentido de oportunidade, só pode ter sido, uma corrente de ar.
O meio país que atira à cara do outro meio país o extravagante desastre que terá sido a Jornada Mundial da Juventude levantou-se em armas contra a aleivosia monetária. Isto é, contra o heresia de Moedas, dar uma ponte a um homem que nunca viu abusos sexuais dentro da Igreja portuguesa, e se viu foi só um bocadinho, e portanto nada digno de registo. Um país levantar-se em armas, hoje em dia, quer dizer as alegadas pessoas irem para as chamadas redes sociais dizerem mal uma das outras, se possível insultarem-se e agredirem-se. Em nome da indignação. É assim que as nações se resolvem modernamente, muito em breve dispensaremos eleições. E as alegadas pessoas das chamadas redes sociais foram inclementes a respeito da ponte. Porque a questão era a ponte, não era?
Clemente desta vez percebeu, e, embora ainda outro dia tenha agradecida "a generosidade" da inesperada prenda autárquica, acabou por desistir e afinal já não quer a ponte para nada. Ficou tudo em águas de bacalhau. E Carlos Moedas mandou dar o caso por "encerrado" e fez saber, urbi et orbi, que depois do dia santo de ontem, vai à procura de um nome novo e inatacável, desta vez é que há-de ser.
Que tolo outra vez, o presidente da Câmara de Lisboa. Ele ainda não percebeu que a ponte já tem nome, e a culpa é só dele, Carlos Moedas, e não havia necessidade. A ponte ciclopedonal sobre o rio Trancão, entre Lisboa e Loures, chama-se Ponte Anti-Cardeal Dom Manuel Clemente em Memória de Todas as Vítimas de Pedofilia e de Outros Abusos Sexuais na Igreja Portuguesa Contra a Omissão o Encobrimento e o Esquecimento. Para todos os efeitos e para toda a eternidade.
Por outro lado. Já se terminava com os "balanços" sobre a Jornada Mundial da Juventude, não lhes parece? Toda a gente tem "O balanço que faltava", diariamente uns atrás dos outros, e já lá vão quase quinze dias desde que a coisa encerrou. De repente, em Portugal, o país inteiro é doutorado em Deus, Teologia, Fé, Religião, Igreja, Ateísmo, Agnosticismo, Indiferentismo, Laicidade, Beatismo, Concordata, Desconcordata, Clericalismo, Anticlericalismo, até parece que falamos de futebol, uns amém e outros contrém, morra o Papa, viva o Papa! E no DN, pairando sobre tudo e sobre todos, Fernanda Câncio e a Verdade.
Em Fafe, enquanto isto, continuo sem conseguir encontrar a rua oferecida pela Câmara, em 2008, ao escritor brasileiro João Ubaldo Ribeiro, fafense amador. Quem diz rua, diz quelha, ou ponte, ou pontão, ou passadiço, ou percurso, ou, vá lá, corredor, ainda que lhe chamem, abusivamente, "ecológico", nisso também estou de acordo. Nada! João Ubaldo Ribeiro, em Fafe, não consta. Não sei se também lhe descobriram pecado extra e a promessa ficou sem efeito...
Ao ler a parte que a Fafe diz respeito, lembrei-me do que o grande Joge Amado contou à minha tua São, quando soube que ela era de Fafe: o maior político da Bahia, e um dos maiores da história do Brasil, que foi inclusive presidente do Senado, o Senador ACM, António Carlos Magalhães, era descendente de fafenses. Aliás, se te lembrares a figura do Tó Magalhães e vires uma foto do ACM, entenderás...
ResponderEliminarO próprio ACM, figura altamente controversa da política brasileira, fazia amiúde referência, mesmo em discursos oficiais, aos seu "avós portugueses, da região de Fafe, norte de Portugal".
EliminarE tem político brasileiro, ou de qualquer outro país, que não seja altamente controverso? Até o "nosso" selfie-made man...
ResponderEliminarHá um episódio muito curioso, e profundamente humano, passado entre ACM e Tenório Cavalcanti, ambos deputados federais, à altura. Até parece uma réplica devidamente adaptada da nossa lenda da Justiça de Fafe. É considerado geralmente como um dos momentos mais tensos da história política brasileira, mas que tem a sua piada, tem...
EliminarA história do revólver? Ele era o chamado "homem de tomates no lugar"...
ResponderEliminarNo lugar, talvez. Mas mijou-se. E essa é que é a parte com piada...
ResponderEliminarA história que rola por lá e que eu sempre escutei nos 18 anos que morei em Salvador, é que ele, na verdade, disse ao Tenório, "Atira!", mas ele não atirou...por isso se diz que ele is tinha no sítio.
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