quinta-feira, 29 de dezembro de 2022

O que é preciso é Benfica!

Vou contar esta em homenagem ao saudoso Zé Maria Sapateiro, benfiquista dos sete costados e conceituado crítico de funerais. E, sendo Fafe uma terra de jornais e jornalistas, conto-a no dia em que o Diário de Notícias, de Lisboa, faz 158 anos.
Uma vez, o estado-maior da Controlinveste de má memória descia no elevador do Edifício JN do Porto e eu também. Eu era um dos prescindíveis do jornal 24horas, excesso de bagagem, mas ainda não sabia. Entrei a meio caminho para ir a casa comer a sopa. Ir num pé e vir no outro, porque o trabalho esbordava. Disse boa tarde, mas ninguém me ligou. Eu sou alto e falo grosso. Mas quê, aquela gente não ouve, não vê nem pensa para além do umbigo de cada qual. Iam todos entretidos na galhofa, preparando mais uma leva de despedimentos. A maior de todas. Eram os filhos do Joaquim Oliveira, acolitados por um ou dois administradores anónimos limitados e pelo então director de publicações, João Marcelino. E era exactamente Marcelino o animador de serviço, exibindo a capa do Diário de Notícias daquele dia. Dizia o também director do DN - "O que é preciso é isto: mete-se aqui este vermelhinho e está o assunto resolvido, é só vender".
João Marcelino referia-se à foto do Benfica que dominava a primeira página do DN. Isso. Haja Benfica e pronto! O nosso Zé Maria Sapateiro não teria dito melhor...

Isto é. O Diário de Notícias saiu à rua pela primeira vez no dia 29 de Dezembro de 1864. E, mais ou menos à rasca, anda às voltas até hoje. Quanto a Oliveira e seus asseclas, continuaram a despedir e a destruir jornais e lares, com uma perseverança digna de registo. João Marcelino é actualmente uma das vedetas residentes do Canal 11, televisão da Federação Portuguesa de Futebol.

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