domingo, 18 de dezembro de 2022

Isaías, profeta e avançado-centro

Isaías era profeta. Filho de Amoz, nasceu por volta de 765 a.C., acompanhou os reinados de Uzias, Jotão, Acaz e Ezequias, uma linha média de se lhe tirar o chapéu quando disposta em 4-4-2 losango, casou com uma mulher conhecida apenas pelo nome de Profetisa, nome que o marido lhe pôs, e tiveram dois filhos: Sear-Jasube e Maer-Salal-Hás-Baz. Está-se a ver, portanto, aonde é que os brasileiros e a Luciana Abreu vão buscar os nomes para os seus rebentos.
Isaías escreveu um livro para a Bíblia chamado especificamente Livro de Isaías para não ser confundido com o Deuteronómio. A crítica não lhe foi favorável. Diversos especialistas descrêem que a obra tenha um único autor, Isaías ele próprio, vendo-a, antes, como um trabalho a várias mãos e de diferentes épocas, coligido eventualmente no ano 400 a.C, ou até mais tarde. Isaías seria assim uma espécie de escritor dos nossos dias, nome de capa, escritor do que já foi escrito. Por outros.
Amuado com semelhante desmerecimento público, Isaías deixou-se de profecias, abandonou o reino de Judá e veio jogar futebol para Portugal, em 1987. Começou pelo Rio Ave, brilhou no Boavista e foi para o Benfica, onde fez cinco épocas, 178 jogos e 71 golos, ganhou dois campeonatos e uma Taça. Passou pelo Coventry City, de Inglaterra, e tornou cá em 1999, para representar o Campomaiorense. Regressou ao Brasil em 2000 e pendurou as botas em 2003.
Ficaram célebres os seus dizeres numa por acaso flash interview: "Ouvi a palavra do Senhor, príncipes de Sodoma, escutai a lei do nosso Deus, povo de Gomorra."
O Natal é bonito por causa de histórias assim.

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