Andava com esta dúvida fisgada nem sei há que tempos, mas no outro dia tive a inesperada revelação, quase sem querer, ao ouvir um minhoto retinto a falar. Um minhoto de Fafe, evidentemente, dos nossos. O homem antigo falava de não sei quem e chamava-lhe aldrabom. Aldrabom. Os minhotos de cá de baixo agarramo-nos ao pouco que já nos resta do galego purinho e falamos assim (e eu, como sabem, até tenho uma certa vaidade na nossa maneira de falar), trocamos o excêntrico ão pelo ancestral om, daí a confusom, e se calhar acreditamo-nos: ora aí está um aldra que é bom, pensamos na melhor das nossas intenções e caímos na esparrela. Porque aí é que a porca torce o rabo: eles não são aldrabons - são aldramaus.
P.S. - Hoje é Dia Internacional Contra a Corrupção. Acerca da invenção do ditongo ão, imposto à modernidade pelo eixo Lisboa-Coimbra, recomendo a leitura de "Assim Nasceu Uma Língua", de Fernando Venâncio, Capítulo 6 - Ão, uma espécie invasiva.
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