O gestor de projectos instalou-se em Fafe e foi ao banco pedir um empréstimo. Quantia avultada. Pretendia construir e montar de raiz uma fábrica de cartão canelado, exactamente no sítio onde fora outrora a velha Fábrica do Papelão, no rio Ferro, em Cavadas, a seguir ao extinto monte de Castelhão, entre as pontes de Ranha e de São José, investimento para cima de diversos milhões de euros e emprego garantido para cerca de 23 pessoas, talvez vinte e duas e meia ou vinte e três e meia, ainda não sabia bem. O senhor do banco pediu-lhe a identificação de gestor de projectos, e o gestor de projectos respondeu prontamente: "Não tenho. Ainda estou a começar. Este é o meu primeiro negócio, mas toco muito bem ocarina". O senhor do banco tomou devida nota e observou, rindo: "Fábrica de cartão canelado? Vê-se logo que é golpe, vigarice das antigas". "Golpe, não, caríssimo senhor, e faça o favor de reparar que eu disse caríssimo sem saber sequer a taxa de juro. Em todo o caso, se eu fosse vigarista, e dos antigos, como vosselência fez questão de caracterizar, ter-lhe-ia indicado que precisava do dinheiro para abrir um banco", ripostou o gestor de projectos, sem se rir, e foi roubar carteiras para outro lado.
(Versão revista e aumentada, publicada originalmente no meu blogue Tarrenego!, a propósito do Dia Internacional da Gestão de Projectos.)
terça-feira, 12 de novembro de 2024
O gestor de projectos
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