Uma vez à noite, na TVI, Janeiro de 2012, como se fosse ontem. Marcelo Rebelo de Sousa pregava aos peixes, na sua habitual homilia dominical. Ele era ainda apenas comentador ou, vá lá, pitoniso oficial do regime. Falava da
troika e de Cavaco Silva, que lhe estava a aquecer o lugar, de Pedro Passos Coelho e de António José Seguro, da UGT e da CGTP, da Grécia e da Alemanha, do Benfica e do Sporting, de carecas e de cabeludos, da fome e da fartura, de tudo e de nada. O costume. De repente, lá atrás no cenário da redacção vazia, passa a dona Alice das limpezas, de aspirador pela trela, logo seguida pela dona Amélia, com um caixote de lixo na mão, e da dona Matilde, que não resiste e acaricia com o pano do pó o tampo de uma das mesas de trabalho por assim dizer. Grande momento de televisão! Esqueci-me da arenga do
Professor (na verdade os seus comentários nunca me interessaram realmente), e concentrei-me no desfile em fundo. Fiquei cliente do programa de variedades, mas infelizmente elas nunca mais apareceram...
Isto à conclusão do seguinte. No mundo do audiovisual, a televisão é muito importante porque dá na televisão. E o que dá na televisão só dá na televisão porque é verdadeiramente importante. Às vezes pergunto-me como seria o mundo sem televisão. E acho que provavelmente seria melhor.
P.S. - Hoje é Dia Mundial do Património Audiovisual.
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