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segunda-feira, 17 de fevereiro de 2025

O descompostor

Paulo Rangel, ministro dos Negócios Estrangeiros, terá dado uma descompostura "semipública" a quatro deputados do PSD, chamando-lhes "terroristas anti-Hamas". O episódio é contado pela revista Sábado, que recorda outro momento em que o governante exprimiu "desagrado de forma enfática", em Outubro do ano passado, numa cena gaga com militares, incluindo altas patentes, na base de Figo Maduro.
O ministro dos Negócios Estrangeiros é, por antonomásia e dever de ofício, o chefe da diplomacia. E o diplomata é, por definição, um homem reservado e de fino trato, um indivíduo circunspecto, grave, cortês, cauteloso, prudente, ponderado, sensato, distinto, elegante, delicado, conciliador. "Ser diplomata é discordar sem ser discordante", sentenciou um dia Millôr Fernandes.
Posto isto, tenho de partilhar o seguinte, em defesa do ministro dos Negócios Estrangeiros: eu creio que Paulo Rangel não é descompostor por opção, malícia ou ódio, sequer por delírio de poder, agora que está no Governo. É-o por feitio, está-lhe no sangue. Em boa verdade, Rangel é um descompostor que vem de longe.
Algures pelos primeiros anos deste século, outro Paulo, Paulo Portas, veio ao Salão Árabe da Bolsa do Porto, convidado para fazer uma importante conferência sobre não sei quê. E fez. Uma conferência que objectivamente não ficou para a História, uma vez que, tirante a minha memória, não encontro na internet (desculpai-me o antiguismo) um único registo a esse respeito. Mas a coisa aconteceu, porque eu estive lá. Foi à noite. E Paulo Rangel marcou presença.
Portas foi apresentado, lá disse o que achou que tinha a dizer, terminou, ouviram-se os aplausos da ordem, educados e bem medidos, não fosse haver malévolas interpretações, e Rangel, agasalhado entre os jornalistas, sentenciou, sem que alguém lhe tivesse perguntado: - Que fraquinho! Se fosse meu aluno, dava-lhe negativa, reprovava...
Se ficou por aí? Não! Paulo Rangel, levantou-se, pegou na imprensa e foi ter com o conferencista, dando-lhe conta do seu desconsolo e das suas mais veementes discordâncias, derivado ao que acabara de sair daquele púlpito. Paulo Portas ouviu-o distraidamente e respondeu-lhe "já estou atrasado", como quem ouve e responde a um molho de palha de aço, virou costas e foi-se embora. E é assim que eu me lembro.

P.S. - Publicado originalmente no meu blogue Tarrenego!

terça-feira, 26 de março de 2024

As deputadas de Fafe em Lisboa

Pois lá tomaram posse as nossas duas deputadas. Duas fafenses na Assembleia da República, pelo menos para já: Vanessa Barata, do Chega, em estreia absoluta, e a social-democrata Clara Marques Mendes, de quem se diz que pode sair para ministra, pelo menos secretária de Estado, digo eu. Só foi peninha o despedimento de Pompeu Martins, que ia outra vez escondido nas listas do PS, e digo peninha não porque me tenha constado que ele fez alguma coisa digna de registo enquanto lá esteve, antes pelo contrário, disso parece que não pode ser acusado, tanto quanto sei, mas porque era assim que se dizia em Fafe antigamente, peninha, acentuando também o "é", pelo menos da boca para fora, e três sempre é melhor do que dois, quer-se dizer, do que duas, para além de que sou um profundo defensor da igualdade de género, e um homem, mesmo que só um para amostra, creio que compunha melhor o ramalhete...

Bruxedos e outros medos

Durante uma semana, um alguidar contendo um enorme galo sem cabeça e outras miudezas feiticeiras esteve em exposição no passeio junto ao por...