Foto Hernâni Von Doellinger |
Mostrar mensagens com a etiqueta Praia Internacional. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta Praia Internacional. Mostrar todas as mensagens
segunda-feira, 11 de agosto de 2025
segunda-feira, 23 de junho de 2025
terça-feira, 29 de abril de 2025
sábado, 24 de agosto de 2024
sexta-feira, 23 de agosto de 2024
quarta-feira, 21 de agosto de 2024
terça-feira, 20 de agosto de 2024
segunda-feira, 19 de agosto de 2024
domingo, 18 de agosto de 2024
sábado, 17 de agosto de 2024
segunda-feira, 29 de julho de 2024
sábado, 6 de julho de 2024
Como é que eu hei-de?
Foto Hernâni Von Doellinger |
Meados dos anos oitenta do século passado. Eu ia a Fafe pelo Verão e em cima da Arcada, infalível, uma banca de venda de cassetes passava sem parar o sucesso do momento, "Como é que eu hei-de" ou, melhor dito, "Azar na praia", do grande Nel Monteiro. Uma e outra vez, uma vez atrás da outra, dir-se-ia que praticamente sem tirar fora, de manhã, à tarde e porventura à noite, dias úteis e inúteis, durante todo o santo horário de expediente, com serão e tudo incluído. "Como é que eu hei-de, como é que eu hei-de" era o mantra, a banda sonora daqueles dois ou três verões caseiros e suadoiros, eu e o meu irmão Lando ríamo-nos bastante por causa disso, passou a febre e nunca mais pensei no assunto.
Acontece que apanhei a velha cantiga no outro dia, por acaso, no rádio do carro, pus mais alto, é claro que pus mais alto, cantei também, cheio de garbo e perdigotos, a minha mulher servia à pinta, gostei tanto daquele inesperado reencontro que o estupor da música chegou ao fim e eu fiquei ali à espera que ela, a música do Nel, entenda-se, voltasse automaticamente ao princípio, recomeçasse em delirante moto-contínuo, como naquele tempo de abraços e vinho em Fafe, e vieram-me umas saudades do caraças, chorei como se tivesse falhado um penálti, quer-se dizer, chorei apenas um bocadinho, quase a seco.
O "Azar na praia" é hoje em dia, para mim, um clássico da verdadeira música popular portuguesa, quadrada e frequentemente desnecessária, paradoxal, convencida e ingénua, irrelevante e eterna, melodia simples e orelhuda, letra singela mas cheia de significado, como as homenagens no tempo do antigo regime e parece que agora outra vez também. A voz do Nel Monteiro, fraquinha, coitadinha, quase a fugir-lhe para parte incerta, aquela falta de ar no final das frases, os ésses rurais e honestos cantados como se trouxessem vento norte, não se arranjaria melhor nem por encomenda. E faço notar que não estou aqui no gozo. Acho esta canção realmente muito bem esgalhada, plenamente conseguida, sobretudo tendo em vista o público-alvo, tudo a bater no ponto, enfim, uma obra que só não digo que é prima porque lhe desconheço a parentela.
Acontece que apanhei a velha cantiga no outro dia, por acaso, no rádio do carro, pus mais alto, é claro que pus mais alto, cantei também, cheio de garbo e perdigotos, a minha mulher servia à pinta, gostei tanto daquele inesperado reencontro que o estupor da música chegou ao fim e eu fiquei ali à espera que ela, a música do Nel, entenda-se, voltasse automaticamente ao princípio, recomeçasse em delirante moto-contínuo, como naquele tempo de abraços e vinho em Fafe, e vieram-me umas saudades do caraças, chorei como se tivesse falhado um penálti, quer-se dizer, chorei apenas um bocadinho, quase a seco.
O "Azar na praia" é hoje em dia, para mim, um clássico da verdadeira música popular portuguesa, quadrada e frequentemente desnecessária, paradoxal, convencida e ingénua, irrelevante e eterna, melodia simples e orelhuda, letra singela mas cheia de significado, como as homenagens no tempo do antigo regime e parece que agora outra vez também. A voz do Nel Monteiro, fraquinha, coitadinha, quase a fugir-lhe para parte incerta, aquela falta de ar no final das frases, os ésses rurais e honestos cantados como se trouxessem vento norte, não se arranjaria melhor nem por encomenda. E faço notar que não estou aqui no gozo. Acho esta canção realmente muito bem esgalhada, plenamente conseguida, sobretudo tendo em vista o público-alvo, tudo a bater no ponto, enfim, uma obra que só não digo que é prima porque lhe desconheço a parentela.
Manuel Teixeira Monteiro, natural de Barrô, Resende, e criado no concelho de Santa Marta de Penaguião, tem hoje 79 anos, feitos no passado mês de Maio. Para além do consagrado "Como é que eu hei-de", Nel Monteiro compôs e interpretou dezenas de outros temas que não lhe ficam muito atrás, entre os quais ouso destacar títulos igualmente inconfundíveis e paradigmáticos como "Alô, Alô, Maria Antónia", "Bronca na discoteca", "Esta miúda (dá-me cabo da cabeça)", "Bife à portuguesa", "Comboio do forró", "Santa Miquelina", "Milagre da burra", "É duro ser velho", "É duro ser mãe", "Kuduro é que é bom", "Tira o biquini amor", "Filha fizeste 18 anos", "Armanda sai da varanda", "Fico à rasca, fico à rasca" e, inesquecivelmente, "Puta vida merda cagalhões".
Nel Monteiro tem uma linda história de vida e disse uma vez que conheceu muito bem Marcelo Caetano e Salazar - "Fui sempre um ídolo dele", asseverou aliás, sem rodeios, em relação ao de Santa Comba. A extraordinária revelação entregou-a de borla à TVI, numa entrevista ao Manuel Luís Goucha, que em questão de importância, digo eu, também não é menos do que os outros dois figurões. A coisa passou-se no dia 1 de Abril de 2022. Em Dezembro do ano passado, Nel Monteiro voltou à TVI e ao Goucha para contar as necessidades que passaram, ele e a mulher, derivado à pandemia. Que "foi um sufoco muito grande", que até deixaram de levantar medicamentos da farmácia por falta de dinheiro - declararam e, naturalmente, choraram. Choraram, como é de lei nestas ocasiões.
Pronto. Hoje é Dia Mundial do Biquíni e por isso tornei a lembrar-me do nosso Nel Monteiro, especialista na matéria. Em sua honra, em honra do bom Nel Monteiro, meu fugaz ídolo estival, e em honra de todos os biquínis mais ou menos desocupados, segue-se a famosa letra do "Azar na praia", mas um azar nunca vem só. Estais à vontade e estamos no tempo: deixai-vos de merdas! Com ou sem camisa, em cuecas ou ao léu, puxai mas é o youtube, som no máximo, e cantai comigo e com ele, vozes e corações ao alto, e que se lixe a afinação e, já agora, a vizinhança também:
Banhar-nos à praia fomos tu e eu
Mas que grande bronca nos aconteceu:
A minha camisa, o vestido teu
Quando à noitinha nada apareceu.
Muito envergonhados saímos dali
Eu em tronco nu, tu em biquini.
Não tinha dinheiro, carro também não
Viemos a pé, fizemos serão.
E ela, coitadinha, muito aflitinha gritava assim:
Ai, como é que eu hei-de, como é que eu hei-de?
Como é que eu hei-de me ir embora?
Com as perninhas todas à mostra
E os marmelinhos quase de fora…
Muito envergonhados saímos dali
Eu em tronco nu, tu em biquini.
Não tinha dinheiro, carro também não
Viemos a pé, fizemos serão.
(Publicado originalmente no meu blogue Tarrenego!, a propósito do Dia Mundial do Biquíni, que foi ontem)
Nel Monteiro tem uma linda história de vida e disse uma vez que conheceu muito bem Marcelo Caetano e Salazar - "Fui sempre um ídolo dele", asseverou aliás, sem rodeios, em relação ao de Santa Comba. A extraordinária revelação entregou-a de borla à TVI, numa entrevista ao Manuel Luís Goucha, que em questão de importância, digo eu, também não é menos do que os outros dois figurões. A coisa passou-se no dia 1 de Abril de 2022. Em Dezembro do ano passado, Nel Monteiro voltou à TVI e ao Goucha para contar as necessidades que passaram, ele e a mulher, derivado à pandemia. Que "foi um sufoco muito grande", que até deixaram de levantar medicamentos da farmácia por falta de dinheiro - declararam e, naturalmente, choraram. Choraram, como é de lei nestas ocasiões.
Pronto. Hoje é Dia Mundial do Biquíni e por isso tornei a lembrar-me do nosso Nel Monteiro, especialista na matéria. Em sua honra, em honra do bom Nel Monteiro, meu fugaz ídolo estival, e em honra de todos os biquínis mais ou menos desocupados, segue-se a famosa letra do "Azar na praia", mas um azar nunca vem só. Estais à vontade e estamos no tempo: deixai-vos de merdas! Com ou sem camisa, em cuecas ou ao léu, puxai mas é o youtube, som no máximo, e cantai comigo e com ele, vozes e corações ao alto, e que se lixe a afinação e, já agora, a vizinhança também:
Banhar-nos à praia fomos tu e eu
Mas que grande bronca nos aconteceu:
A minha camisa, o vestido teu
Quando à noitinha nada apareceu.
Muito envergonhados saímos dali
Eu em tronco nu, tu em biquini.
Não tinha dinheiro, carro também não
Viemos a pé, fizemos serão.
E ela, coitadinha, muito aflitinha gritava assim:
Ai, como é que eu hei-de, como é que eu hei-de?
Como é que eu hei-de me ir embora?
Com as perninhas todas à mostra
E os marmelinhos quase de fora…
Muito envergonhados saímos dali
Eu em tronco nu, tu em biquini.
Não tinha dinheiro, carro também não
Viemos a pé, fizemos serão.
Etiquetas:
Azar na praia,
biquíni,
biquínis,
Como é que eu hei-de,
Dia Mundial do Biquíni,
música,
Nel Monteiro,
Porto,
praia,
Praia Internacional,
série Memórias de Fafe,
série Os meus cromos,
Tarrenego!,
Verão
quarta-feira, 26 de junho de 2024
domingo, 31 de março de 2024
sexta-feira, 5 de janeiro de 2024
quinta-feira, 30 de novembro de 2023
sexta-feira, 3 de novembro de 2023
quarta-feira, 13 de setembro de 2023
terça-feira, 29 de agosto de 2023
domingo, 6 de agosto de 2023
Subscrever:
Mensagens (Atom)
Bruxedos e outros medos
Durante uma semana, um alguidar contendo um enorme galo sem cabeça e outras miudezas feiticeiras esteve em exposição no passeio junto ao por...
-
O polvo é um octópode. Duas burras do Reigrilo também. P.S. - Hoje é Dia Mundial do Polvo.
-
Todos os meses de Julho de todos os anos, o aviso lá estava bem visível à porta de entrada, para orientação de pessoal, clientes e público e...
-
Foto Hernâni Von Doellinger Ora vamos lá recapitular. Os jardins era uma coisa que existia antigamente. Como os castelos, as pinturas rupest...