domingo, 20 de abril de 2025

A capital do stand up

Fafe é de rir. Sempre foi. Já no meu tempo era de rir, ríamo-nos como perdidos, por tudo e por nada, mas agora ainda é mais. Claro que antigamente éramos uns amadores, caseirinhos, artesanais, riamo-nos uns dos outros, uns com os outros, às vezes uns contra os outros, tínhamos riso que chegasse, não mandávamos vir de fora. Éramos, em questão de riso, auto-suficientes.
Mas lá diz o povo: não há dinheiro, não há palhaço. E então o riso hoje em dia é um negócio, uma indústria, e eu acho muito bem. Chama-se stand up. A catedral do stand up nacional é o Teatro-Cinema de Fafe. Não há mês na programação do Teatro-Cinema de Fafe que não apresente pelo menos dois ou três cómicos, peço desculpa por chamá-los assim em português antigo, nem sei se haverá cómicos que cheguem para o ano inteiro, mas assinalo que alguns dos cómicos são locais, rapazes da terra, e essa é a parte melhor.

Portanto, Fafe é só rir, só rir, só rir. Porreiro, porque rir faz bem à saúde, faz bem ao fígado, faz bem à pele, faz bem ao coração, faz bem à pituitária, faz bem à próstata, faz bem à alma, faz bem na gravidez, rir é o melhor remédio, isso e muitos mais lugares-comuns, se eu os procurasse, mas não estou para aí virado. Ainda bem que Fafe ri.

Agora. O humorista brasileiro Juca Chaves costumava contar mais ou menos assim, pondo as palavras iniciais na boca do guia do jardim zoológico: "E aqui temos a hiena. A hiena, que é um animal que ri muito. Alimenta-se das fezes dos outros animais e tem relações sexuais com a sua fêmea apenas uma vez por ano". "Mas, se come merda e só fode uma vez por ano, ri de quê?", pergunta o visitante.

P.S. - Publicado originalmente no meu blogue Tarrenego!

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