O Mola. Mola, por outro lado, também pode ser masculino. Nesse caso escreve-se com maiúscula inicial, diz-se o Mola, e deve informar-se que morava, se não me engano, quem vai para a Fábrica do Ferro, resvés com a descida final, frequentava evidentemente o velho Peludo e, por morte deste, o Arcada. É preciso também que se diga que o Mola trabalhou muitos anos no Vitória de Guimarães e depois na AD Fafe, que era elegantemente discreto, cordato, sábio, infalível aos amigos e discípulos, noctívago, malandro, apreciador de bandas filarmónicas e ele próprio exímio executante de assobio, económico nas palavras, e tinha piada fina. Grande Mola! Uma figura mítica, irrepetível, um fafense excelentíssimo.
E eu sou um gajo cheio de sorte. Num dos meus bissextos retornos a Fafe, há coisa talvez de cinco anos, vi o Mola. Calhámos eu e ele à hora de almoço no Fernando da Sede (Adega Popular) e comoveu-me o reencontro. Não falámos, porque eu não ousei. Eu estava com o meu filho e senti um prazer tremendo, uma vaidade sem medida contando ao Kiko a grandeza daquele homem, a importância que ele teve na vida do meu amigo Pimenta e a importância que o Pimenta teve e tem na minha vida. Antes de sair e de dar o meu segundo abraço ao Fernando, mandei ao Mola um sinal de obrigado e ele deu-me em troca um sorriso tímido e límpido, talvez ausente, secreto, quem dera que pelo menos lhe tenha passado pela cabeça, ainda que por acaso, "acho que em tempos conheci aquele miúdo"...
A primeira bomba atómica explodiu no deserto do Novo México, EUA, no dia 16 de Julho de 1945. Eu não sei quando é o Dia do Mola, em Fafe. Para mim, lembrei-me de ser hoje.
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