sábado, 12 de outubro de 2024

E assim começou a guerra

Há fafenses que se me têm manifestado surpreendidos, agradavelmente surpreendidos, com as revelações aqui desencadeadas sobre a importância de Fafe nos interstícios da História de Portugal e até no arranjo geoestratégico da Europa no seu todo. Não sabiam, não faziam a mínima ideia. A verdade nua e crua sobre o nascimento da nação e a propósito da muito mal contada Batalha de São Mamede deixou-os de boca aberta. E a relação provada da nossa terra com o desfecho da Guerra dos Cem anos e, por maioria de razão, com a realização da Batalha de Castillon aqui mesmo nas nossas barbas ainda a escancarou mais e deve ter doído como o caraças. Dois desses desconcertados conterrâneos tiveram de ir de urgência para o Hospital de Guimarães, onde lhes fecharam a matraca à marretada.
Que se segue. Um destes dois ex-boquiabertos paisanos, amigo de longa data e inabalável fafense até às unhas dos pés, ficou melhorzinho graças a Deus e digamos que entusiasmado com a nova maneira de ver o protagonismo da nossa terra, contra isso nada, e contactou-me curiosíssimo de saber por mim como é que realmente começou a Guerra dos Cem Anos. Ora bem: isto aqui não são os discos pedidos, mas cá vai, uma vez sem exemplo. Por acaso não foi em Fafe, mas passou-se assim:

Era um encontro previsto para ser aprazivelmente diplomático e discutido à melhor de três sets: quando Mister Cheddar, pela Inglaterra, e Monsieur Camembert, pela França, reuniram em Sherwood, sob os auspícios do Robin dos Bosques e a bênção de Frei Tuck, tendo sobre a mesa, já naquele tempo, a delicada questão das quotas leiteiras. Estava tudo a correr bem, estava-se até bastante agradável, entre uísques e champanhes perfeitamente bebidos, mas era um cheiro a chulé que não se podia. Foi então que o inglês, já com um grãozinho na asa e uma mola de roupa no nariz, não aguentou mais e questionou o francês, com a ajuda do José Milhazes, que fazia as traduções: - Porque é que o caro amigo (old chap, no original) não vai mas é lavar os pés no Sena?
E foi assim que começou a Guerra dos Cem Anos. Até hoje.

Por outro lado, aproveito para esclarecer também o seguinte. A Guerra dos Cem Anos chama-se Guerra dos Cem Anos porque durou cento e dezasseis anos, mas chamar Guerra dos Cento e Dezasseis Anos à Guerra dos Cem Anos não dava jeito nenhum aos historiadores e contabilistas bancários, e assim começaram os arredondamentos.

P.S. - Parcialmente publicado no dia 31 de Dezembro de 2022. O escritor britânico Roger Lancelyn Gren, autor de "Robin dos Bosques" e  "Rei Artur e os Cavaleiros da Távola Redonda", morreu em Outubro de 1987, há quem diga que no dia 12 como hoje, aos 68 anos.

2 comentários:

  1. Já agora mais um acrescento histórico...a famosa espada que o rei Artur retirou da pedra, era, na verdade, aquela que desapareceu misteriosamente da estátua do don Afonso Henriques, levada numa Ford de caixa aberta para fafe, por uns quantos amigos do tintol que eu, por acaso, até conheço.

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    1. É o que eu digo. Isto anda tudo ligado e vai sempre dar a Fafe...

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