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quarta-feira, 20 de novembro de 2024

O Alto das Freiras e outros pecados velhos

Chamava-se Alto das Freiras e não Monte das Freiras, como alguns lhe chamam hoje em dia, ou Monte das Freitas, como também já por aí li, Deus lhes perdoe a ignorância e o atrevimento, mas antes Freitas do que Serafão, como quem vai para a Póvoa de Lanhoso. Isto não é resolvido por decreto, apetecimento ou alvará camarário - os sítios têm o nome que o povo lhes chama, e mais nada. E Alto das Freiras era o que o povo chamava àquele sítio lá em cima no antigo monte de São Jorge. Exactamente, quando era monte, isto é, antes de ser capado e desaparecido, o monte ali existente e agora extinto chamava-se monte de São Jorge, e na crucha do falecido monte de São Jorge é que dominava o Alto das Freiras e era no Alto das Freiras que se acoplava o famoso pionono, a garrafinha, de que já aqui falei.
Agora, Alto das Freiras porquê, isso é que eu já não sei. E não é que não me lembre, que se calhar me tenha esquecido, não, na verdade nunca soube, nunca fiz nem faço a mais pequena ideia. Cheguei a imaginar que era dali que saíam as irmãzinhas que tomavam conta do Hospital, incluindo a "Mamer", a primeira dona daquilo tudo, ainda hoje suspeito que sim, mas nunca ninguém mo confirmou capazmente nem alguma vez vi documento que o garantisse, e portanto continuo neste impasse. Em todo o caso, um sítio assim chamado Alto das Freiras, e ainda por cima com pionono e garrafinha, punha-me a cabeça às voltas. Eu sempre fui um bocado tolo e, confesso, bastante dado a elucubrações amiúde lúbricas e libidinosas, desculpem-me a expressão, porque ele há palavras que realmente nos levam por maus caminhos, e "elucubração", "lúbrica" e "libidinosa" são dessas tais, sugestivas até mais não, gráficas como nem era preciso, palavras estuporadas, descaradas e fonéticas, das que dizem logo ao que vão, xô diabo vem cá toma!
Que se segue. O busílis nem estava bem no alto das freiras, que, no entanto, por si só, bem trabalhadinho, já daria pano para mangas. O problema era meter na mesma frase, no mesmo pensamento, as palavras freiras, alto, pionono e garrafinha. E agora dizem que também tem mamoas. Estão a ver o filme? Estão a ver onde é que ia parar a minha cabeça-de-alho-chocho?
Ademais, a fama do monte andava pelas ruas da amarguras. Ou pelas alamedas dos prazeres, consoante o ponto de vista. Naquele tempo não havia motéis, os carros eram poucos e as quelhas e os montes prestavam-se ao necessário, eram albergue de amores ilícitos, clandestinos, era ali que tudo acontecia. E ia-se ao monte. Ia-se ao monte esgaçar umas pernadas de carvalho para o trono da cascata do Santo António da minha rua, ia-se aos fentos ou ao mato para o eido ou às giestas secas para espertar a lareira do chão da cozinha, ia-se brincar aos cobóis, ia-se cagar ao monte e ia-se ipso facto dar umas trancadas, e o que eu gostava da palavra trancadas, mesmo sem ainda conseguir alcançar o que ela quereria dizer, não desfazendo do Trancadas propriamente dito, que era um barbeiro estabelecido na vila, mesmo ao lado do tasco do Neca do Hotel.
E hoje? Hoje as antigas quelhas são avenidas e os velhos montes são urbanizações. Resumindo e concluindo, não sei como é do amor em Fafe.

(Em apêndice. Só para os sacristas do costume, faço notar que o próprio Papa garantiu, há dois ou três dias, que se pode brincar com Deus. E, se se pode brincar com Deus, como disse Francisco, muito mais se pode brincar com freiras, digo eu. Creio, aliás, que elas até agradecem.)

P.S. - Publicado originalmente no passado dia 16 de Junho. Hoje é Dia dos Sistemas de Informação Geográfica ou Dia dos SIG.

quinta-feira, 18 de julho de 2024

Fafe e a Guerra dos Cem Anos

A Batalha de Castillon foi levada a efeito no dia 17 de Julho de 1453, fez ontem exactamente 571 anos, e ficou para a História como a derradeira e decisiva batalha da Guerra dos Cem Anos, que decorreu razoavelmente entre franceses e ingleses. A França ganhou, e félicitations à la cousine. A Guerra dos Cem Anos chama-se Guerra dos Cem Anos porque durou cento e dezasseis anos, mas chamar Guerra dos Cento e Dezasseis Anos à Guerra dos Cem Anos não dava jeito nenhum aos historiadores e contabilistas bancários, e assim começaram os arredondamentos, que saem sempre à casa. Por outro lado, a Guerra dos Cem anos ostenta este curioso e inusitado nome, Guerra dos Cem Anos, para se distinguir da Guerra dos Oitenta Anos, que se verificou não sem alguns sobressaltos entre os futuros holandeses, actuais neerlandeses ou, quiçá, países-baixistas, e Espanha, com a Guerra dos Dez Anos, entre cubanos e espanhóis, com a Guerra dos Treze Anos, entre prussianos e teutónicos, com a Guerra dos Trinta Anos, entre a Alemanha e quem lhe aparecesse à frente, com a Guerra dos Sete Anos, entre França mais aliados e Inglaterra mais aliados (incluindo Portugal), com a Guerra dos Seis Dias, entre árabes e israelitas, com a Guerra das Audiências, entre a SIC e a TVI, e até com a Guerra das Rosas, entre a Rosa Maria e a Rosa Beatriz, que não se dão nem à lei da bala e andam sempre à trolha uma contra a outra derivado ao Anacleto Lingrinhas, que por acaso é pintor de automóveis e aquece a cama a ambas. A História, assim maiusculada, não se compadece realmente com equívocos.
Ora bem. Eu cuido que a Batalha de Castillon ocorreu em Fafe, exactamente em Fafe, numa antiga elevação situada entre a Ponte do Ranha, o Socorro, a Alvorada, a Fábrica do Papelão, a casa da Dona Aurora e o Estádio, com os campos e bouças de Cavadas aos pés. Ali se alcandorava, com efeito, o famoso monte de Castelhão, como se diz em português corrente, ou Castilhom, como se diz em fafês correcto - e portanto está fácil de ver onde franceses e ingleses foram buscar local e nome para a refrega. O monte de Castelhão era, na verdade, um sítio aprazível para a realização de todo o tipo de batalhas, como por exemplo brincar aos cobóis, e tinha um belíssimo pionono, de que infelizmente não há muita certeza. Mas isso é outra história.

Em todo o caso, não será certamente despiciendo relembrar mais uma vez que Fafe, o seu centro histórico e arredores consuetudinários, sempre dispôs das melhores e mais vantajosas condições naturais e estruturais para a realização de grandes eventos e mesmo certames de índole nacional e, como se vê, até internacional ou mais, nomeadamente batalhas e guerras de uma forma geral e dos mais diversos feitios. É uma terra que fica à mão e onde medram e farturam equipamentos a esse respeito e subsídios camarários. Não por acaso, suspeito que, como já aqui demonstrei, a própria Batalha de São Mamede, fundadora da nacionalidade, foi em Fafe que realmente se desenrolou, pelo menos um bocadinho, e ainda ninguém me conseguiu provar o contrário.

(Publicado originalmente, assim revisto e aumentado, no meu blogue Tarrenego!)

sábado, 15 de junho de 2024

Vá para dentro!

Evite sair de casa. Feche bem, reforce e proteja janelas e portas. Fixe todos os objectos exteriores que possam ser arrastados, recolha cadeiras, mesas, toldos e guarda-sóis. Vá para dentro! Se tiver mesmo de ir à rua, mantenha a calma e abrigue-se em lugares seguros, não toque em cabos ou fios eléctricos, afaste-se de árvores, materiais suspensos com risco de queda e superfícies envidraçadas. Na estrada, limite a velocidade e redobre cuidados especialmente se conduz veículos longos ou com reboque. Não saia da viatura, feche vidros e ligue as luzes de sinalização, mantendo-se longe dos edifícios. E sobretudo não vá aos montes de São Jorge e de Castelhão, porque já não há. Isso mesmo. Hoje é Dia Mundial do Vento e tudo pode acontecer...

O senhor do monte

Era uma alma sensível e só, aquele senhor. Comovia-se com a natureza, conversava com o vento. No tempo de Castelhão e de São Jorge, gostava de subir ao monte para ver as vistas. E ouvir as audições. E cheirar os olfactos...

P.S. - Hoje é Dia Mundial do Vento.

Bruxedos e outros medos

Durante uma semana, um alguidar contendo um enorme galo sem cabeça e outras miudezas feiticeiras esteve em exposição no passeio junto ao por...