Aquilo dos antigos de que as melhores sardinhas são as dos meses sem "r" e que pelo São João pinga a sardinha no pão, não liguem, os antigos, a verdade é só uma, fartavam-se de dizer asneiras e mandar encaixilhar. Não. A melhor época para comer sardinhas assadas estamos nela, Setembro e Outubro e às vezes até Novembro - as sardinhas são analfabetas graças a Deus, não diferenciam vogais de consoantes nem lês de rês. E até metem raiva, como diria o meu sogro no tempo dele e delas. Sardinhas "do nosso mar", mais torneirinhas, de olho esperto e a esvaírem-se no seu próprio "azeite".
Sexta-feira, cá em casa, é dia de sardinhada para dois, dia santo. Já cá estão, vivinhas da silva, como se ainda rabiassem, acomodadas debaixo de um pano molhado, à espera de serem assadas por quem sabe, isto é, eu. Sardinhas de prata e com mar dentro, salada de pimento assado, vermelho e carnudo, azeitonas pretas e azedas, broa fresca e vinho tinto, mais nada. E não servimos para fora.
(Este textinho publiquei-o faz há oito dias no meu blogue Tarrenego! Hoje, a minha mãe e eu, o nosso tema de conversa foram as sardinheiras e outras vendedeiras que paravam no Santo Velho antigo, e por isso torno a eles, ao textinho e ao Santo. E logo ao jantar, sim, outra vez sardinhada, como manda a sapatilha. Porque hoje é sexta-feira.)
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