segunda-feira, 15 de dezembro de 2025

A Branca de Neve dos Leões do Ferro


Os Leões do Ferro apresentam o espectáculo "Branca de Neve e os 7 Molengões", de sábado a oito, dia 27 de Dezembro, pelas 21h30, no Teatro-Cinema de Fafe. Bilhetes já à venda. Mais informação, aqui

A Magia de Natal em Patins


Espectáculo "A Magia de Natal em Patins", do Grupo Nun'Álvares, no próximo domingo, 21 de Dezembro, pelas 17 horas, no Pavilhão Multiusos de Fafe. Bilhetes já à venda. Mais informação, aqui.

domingo, 14 de dezembro de 2025

António-Pedro Vasconcelos, o fafense

Foto FafeTV

Era uma vez, há treze anos, manifestei a minha mais simplória estranheza derivada ao facto de Fafe, a minha terra, ter perfilhado o cineasta portuense Manoel de Oliveira e até lhe ter dado de prenda uma sala de cinema, isto é, ter dado o nome de Manoel de Oliveira à Sala Manoel de Oliveira do Teatro-Cinema de Fafe. Não percebi de onde é que se desencravou a extraordinária ideia, a eventual razão da coisa, que relação haveria ali, e até escrevi na altura: "ainda me hei-de rir quando (e se) conseguir perceber porquê".
Mas ainda não percebi. Resultado: estou há treze anos sem me rir, é preciso ter azar, e tanta seriedade já me faz diferença, começo a ficar com uma cara como a do nosso bom Zé Carlos Estantio, mas ao contrário.
O cineasta António-Pedro Vasconcelos, aliás APV, ali em Cima da Arcada na melhor companhia do mundo, com o Senhor Francisco Oliveira, nasceu em Leiria e viveu geralmente em Lisboa, mas vinha amiúde e em miúdo a Fafe, "onde tinha e tem família", segundo li e ouvi na FafeTV. Em 2015, homenageado na quinta edição do Fafe Film Fest, e a fotografia há-de ser certamente dessa ocasião, APV, o cineasta que queria que as pessoas vissem cinema, fez questão de dizer, coisa linda: "Nasci, acidentalmente, em Leiria, mas considero-me um homem do Norte e, em particular, de Fafe, terra onde vivi parte da minha infância".
Perante tamanho confessamento de fafismo, que eu, verdade seja dita, por acaso até desconhecia, a benemerente Câmara de Fafe, se deu ao outro uma sala, ao outro que não nos pertence, que não nos é nada, a este, ao António-Pedro, que se reclamava nosso, de borla, e por isso é efectivamente nosso, com todo o direito, tem de dar pelo menos um salão. Isso, um salão, nem que seja ao ar livre. Até estou a ver, com luzinhas e estrelinhas a acender e a apagar, no meio do Largo, música de John Williams, passadeira vermelha e holofotes à Hollywood apontando ao céu: "Salão António-Pedro Vasconcelos"...
Ou então que mandem o APV para a bicha, como fizeram com o escritor também nosso João Ubaldo Ribeiro.

E, já agora, repito mais o seguinte a este respeito. A sala de cinema do Teatro-Cinema de Fafe devia chamar-se, por exemplo, Sala Dona Laura Summavielle. Mas para saber disso é preciso ser-se de Fafe desde pequenino...

sexta-feira, 12 de dezembro de 2025

Mais três dias de Natal


Está aí o programa do Fafe Natal 2025 para o fim-de-semana, de hoje até domingo, com destaque para o Encontro de Coros, hoje e amanhã. 

quinta-feira, 11 de dezembro de 2025

O cartaz das Festas


As Festas, se as chamo assim com maiúscula, só podem ser umas: as da Senhora de Antime, que já foram da vila, depois do concelho, agora da cidade, mas isso não interessa para nada, porque elas são é da Senhora de Antime. E cartaz, quando digo cartaz, quero dizer aquele papelão com desenhos ou fotografias, letras e números que anuncia as Festas, só para as situar no tempo, obra de autor, uma marca, um marco, talvez agora se chame qualquer coisa em inglês, mas não faço a mínima ideia. Cartaz, para mim, não é a lista de quem vem cantar a Fafe, quero lá saber. Isso, se calhar, é o programa, mas também me é indiferente - chamem-lhe os nomes que quiserem.
Ora bem. Fafe é uma terra de artistas, ó se Fafe é terra de artistas!, é e não são assim tão poucos, e cada um mais artista que o outro, uma fartura só comparável à ausência de um verdadeiro cartaz para as Festas há não sei quantos anos. Vejo disso em todo o lado, cartazes de categoria, em festas de caracacá e terras assim-assim, às vezes autênticas obras de arte, material de colecção, e eu, fafense e sem nada, fico envergonhado, triste e invejoso.
Custará assim tanto abrir um concurso anual para a criação de um cartaz para as Festas? O bum bum Brasil é importante, contra isso nada, nesse ponto estou plenamente de acordo com o senhor presidente da câmara, eu próprio sou um conceituado apreciador de glúteos quando do sexo certo, é portanto dinheiro muito bem gasto pelo Município, investimento como deve ser, mas, mal que pergunte, não sobrará qualquer coisita no orçamento autárquico para usar também na promoção de outras partes do corpo, vamos admitir que quase tão importantes, como, por exemplo, a cabeça?

P.S. - Publicado originalmente no dia 19 de Junho de 2024 e repetido no dia 27 de Abril de 2025. Depois voltei ao assunto, no dia 11 de Maio de 2025, aproveitando o cartaz do Senhor de Matosinhos. Hoje cá estou novamente, porque O Minho acaba de noticiar que, em Ponte de Lima, "a Associação Concelhia das Feiras Novas vai lançar um concurso para a criação do cartaz oficial da edição do próximo ano". "Este concurso realiza-se anualmente e visa promover a criatividade e o envolvimento da comunidade na divulgação de um dos maiores eventos da região", diz o regulamento, citado pelo jornal.

Fafe já não tem piononos

O senhor do monte
Era uma alma sensível e só. Comovia-se com a natureza. Gostava de subir ao monte para ver as vistas. E cheirar os olfactos. E ouvir as audições...

No monte de São Jorge havia um pionono. E constava que havia outro no monte de Castelhão. Fui testemunha de ambos, embora o segundo possa jamais ter existido. O pionono, para mim, era uma espécie de meco que ajudava montes de pouca monta a porem-se em bicos de pés, a chegarem-se a uma certa altura, a uma altura certa, a um número redondo de que desse jeito falar. Quero dizer: era uma espécie de sapato de salto alto para caga-tacos complexados, porém ao contrário, com o tacão virado para cima e usado na cabeça em vez dos pés, bem na crucha da cabeça. Depois tomei conhecimento do Pio IX, mas nunca percebi a relação, e acho um merecido insulto chamar-lhe marco geodésico. Ao papa. Ao sumo pontífice.
Assim com maiúscula, o Pionono era exactamente em São Jorge, é justo que se diga. Pionono era nome próprio, sítio, geografia. Era topónimo com alvará. "Vou ao Pionono". Ia-se ao Pionono. E ia-se muito. Ao Pionono ia-se ver "a paisage", ia-se aos pinheiros pelo Natal, ia-se esgaçar umas pernadas de carvalho para o trono da cascata do Santo António da nossa rua, ia-se aos fentos ou ao mato para o eido ou às giestas secas para espertar a lareira do chão da cozinha, ia-se brincar aos cobóis, ia-se cagar ao monte e ia-se dar umas trancadas, e o que eu gostava da palavra trancadas, mesmo sem ainda conseguir alcançar o que ela quereria dizer. Nem de propósito, São Jorge parece que também tinha mamoas, eu confesso que não sabia, mas fiquei a saber aqui atrasado. Portanto, pionono e mamoas, para o que lhes havia de dar...
(As giestas, por falar nelas, davam umas vassouras de categoria e o Trancadas era um barbeiro mesmo ao lado do tasco do Neca do Hotel, proximidade que se revelava de uma comodidade extrema, sobretudo para os praticantes do desporto líquido, que eram naquele tempo, olimpicamente, mais de metade da população fafense. As memórias vêm umas atrás das outras, como as marias, lembro-me de descer um degrauzinho, mais cá para o centro da vila, ali entre a sombria loja da Rosindinha Catequista e a Cafelândia, mas esse era o Sr. António Grande, o segundo barbeiro do meu padrinho Américo. Eu ia lá com o meu padrinho mais o meu tio Zé da Bomba, aos sábados de manhã, que naquele tempo eram sempre de sol. Na espera lia-se "O Primeiro de Janeiro", mal eu sabia que ainda o haveria de fazer. O meu padrinho Américo e o meu tio Zé da Bomba eram irmãos do meu pai, o grande Lando Bomba, e depois foram meus pais, à falta do propriamente dito, por razão de força maior.)
São Jorge e Castelhão eram a nossa floresta, a nossa montanha, e tão ao pé da porta. Hoje os montes de São Jorge e de Castelhão são casas e é o progresso. Os montes foram capados, terraplenados, desarborizados, alcatroados, liquidados. Os montes morreram de morte matada e a culpa morreu solteira. Fafe já não tem piononos. Mas, dizem-me, tem ainda a "Garrafinha" e historiadores até dar com um pau. Um deles, quem dera que não chova, ainda há-de contar esta como deve ser.

E agora, só para que conste: pio-nono será a forma "correcta" de escrever, se nos referirmos ao meco. Mas pionono pode ser também nome de doce muito popular em Espanha, na América Latina e nas Filipinas. Por outro lado, Pio IX, que se chamava Giovanni Maria Mastai-Ferretti, teve o segundo maior pontificado da história da Igreja, logo a seguir a São Pedro. E foi o primeiro papa a ser fotografado. Foi também um sacana do piorio e o Vaticano fez dele santo. Pio IX, que tratava os judeus como "cães" e abaixo de cão, foi o responsável pelo rapto de Edgardo Mortara, um menino de seis anos baptizado em segredo e retirado à força da sua família judaica, história contada por Marco Bellocchio no filme "O Rapto".

P.S. - Versão revista e aumentada, publicada no meu blogue Mistérios de Fafe. Hoje é Dia Internacional da Montanha e eu nestas ocasiões volto sempre ao local do crime, aos nossos ex-montes de Castelhão e de São Jorge, que tão bem serviam para o efeito mas foram deitados abaixo sem regra nem excepção. Mais para ler sobre as nossas antigas montanhas de faz de conta, aquiaqui, aquiaqui e aqui. E viva o Natal!

quarta-feira, 10 de dezembro de 2025

Jorge Palma adiado


O concerto de Jorge Palma em Fafe, agendado para sábado, foi adiado para o dia 21 de Fevereiro de 2026, devido a doença do artista. O Município de Fafe informa que os bilhetes já comprados são válidos para a nova data. Mais detalhes, também sobre eventual reembolso, aqui.

A Branca de Neve dos Leões do Ferro

Os Leões do Ferro apresentam o espectáculo "Branca de Neve e os 7 Molengões", de sábado a oito, dia 27 de Dezembro, pelas 21h30, n...