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segunda-feira, 3 de fevereiro de 2025

Alcovitagem municipal

Confesso: eu às vezes espreito o Facebook. Espreito o Facebook do Município de Fafe, por razões de força maior, puro fafismo, mas só consigo ver duas ou três coisinhas durante uns segundos, entretanto aquilo apaga-se-me de repente se quero ir mais abaixo, porque, a verdade também é esta, eu não sou sócio. Nem deste nem de outros Facebooks. Aliás, eu sou contra todos os Facebooks, e mais sou uma pessoa que não sou contra nada.
Ora bem. E então o que é que eu vi ontem, sem querer, no Facebook do Município de Fafe? Uma senhora, toda catita e repimpada, conduzindo na prise seu magnífico automóvel, comentava a "notícia" da inauguração de certa e determinada exposição, mandando muitos parabéns e beijinhos e também admiração ao artista expositor, grande mestre, profissional e por acaso amigo, com três carinhas amarelas, redondinhas e amorosas e a seguir um coraçãozinho vermelhinho, coitadinho. Acto contínuo, um cavalheiro entrou em linha, um cavalheiro certamente também apreciador de exposições e de arte num sentido geral, e disse à senhora: "Olá, como estás? estava a navegar na minha página e encontrei o seu lindo perfil como suposto amigo. Tentei enviar-te um pedido de amizade, [duas carinhas redondinhas e amarelas e amorosas, sem coraçãozinho a seguir] mas não resultou. [duas carinhas redondinhas e amarelas e amorosas, sem coraçãozinho a seguir] não sei porquê se não se importa, pode enviar-me um...", e fiquei sem saber o resto, porque, lá está, acabaram-se-me as moedas, terminou-se-me a abébia.
O cavalheiro - sou jornalista e portanto fui à procura - é um rapaz todo janota, havíeis de ver as fotografias, muito bem formado e com enorme sucesso na vida. Estudou no "Imperial College London" e na "University of Pennsylvania" e trabalha actualmente na "empresa Doctor Waseem Cardiologist" - quem é que pode pedir mais?
Não sei em que pé é que ficaram as coisas, se houve avanços ou não. Se alguém souber, por favor não me diga. Não me interessa. O Facebook, suspeito, é basicamente isto. E, se quereis saber, acho giro que o Município de Fafe, mesmo passivamente, preste este serviço aos seus fregueses.

P.S. - Entretanto alguém se encarregou de fazer a limpeza no Facebook municipal.

domingo, 4 de fevereiro de 2024

O cão, esse ancestral e fiel alcoviteiro

Foto Hernâni Von Doellinger
O cão é, desde tempos imemoriais, uma das mais consistentes artimanhas do homem para a queca. Quem tem tesão compra um cão, diz o povo e com razão. Porque o animal - aflito, ziguezagueante, ganinte, de orelhas, rabo e tudo arrebitado -, parecendo embora que sai à rua em busca desesperada por parceira ou parceiro de quatro patas onde possa aliviar o stresse, vem mas é tratar do cio do dono. Ou da dona. Por procuração.
Largado à frente, sem trela, "Vai, Corisco, vai, arranja-me uma gaja! Um gaja boa!", o cão é um batedor sexual para prazeres alheios. Evidentemente tem de se entender com o outro animal, mas isso é truque, pretexto para o dono chegar à dona, como todos sabemos, e depois eles, dona e dono, ou dono e dono, ou dona e dona, depois de conversarem resumida ou detalhadamente sobre raças e rações, que se entendam e se acamem. E muitas vezes entendem-se e acamam-se. Olhemos à nossa volta, sem falsos pudores: quantos namoros e casamentos, que nós tenhamos conhecimento ou desconfiemos, não foram intermediados por cães? Quantos engates e quantas pinocadas avulsas?!...
Passear o cão, é assim que se diz, mas querendo dizer outra coisa. Há até quem dê treino específico ao cão, para loiras ou morenas, gordas ou magras, inteligentes ou burras, e assim sucessivamente e vice-versa. É verdade, ele há cães especialistas. Cães de um certo tipo, de uma determinada caça.
O cão é, portanto, um alcoviteiro. Mas já foi mais, no tempo em que não havia Facebook. No tempo em que se mandava uma cadela ao espaço e a cadela chamava-se Laika. Hoje chamar-se-ia Like. É. As chamadas redes sociais na internet são agora, particularmente para casados, o principal móbil do engate, o menu do sexo à mão de semear, e esta nova realidade veio prejudicar sobremaneira os cães, cada vez mais substituídos, abandonados e abatidos, por aparentemente já não serem precisos.
Correndo o risco de fazer um título à Correio da Manhã, eu diria que o Facebook está a matar o cão. Aos poucos. E, todavia, acho que compreendo esta paulatina porém irreversível substituição do "animal doméstico" pela "aplicação social", porque a verdade é só uma: comprar ou adoptar um cão dá provavelmente mais trabalho e despesa do que criar um perfil no Facebook, sendo que o resultado final é o mesmo. Nestes tempos conturbados, o meu mais descarado elogio vai, pois, para as almas caridosas, afogueados adúlteros, que acumulam cão e Facebook, pelo sim e pelo não, e só temos de lhes agradecer, em nome dos animais.
Salvemos o cão! Porque ainda há algumas diferenças a considerar entre o cão e o Facebook, a não ser que Facebook seja o nome do cão. Para além de que o Facebook, o da internet, tem aquele perigo (há casos!) de a mulher andar a pôr os cornos ao marido e o marido andar a pôr os cornos à mulher - cada qual com o seu perfil secreto, mais ou menos falso e sobretudo deveras criativo -, até ao dia em que se engatam como desconhecidos e depois se encontram para o que já sabemos. É então que marido e mulher reciprocamente infidelíssimos descobrem que afinal foram feitos um para o outro.

P.S. - O Facebook foi lançado no dia 4 de Fevereiro de 2004, faz hoje 20 anos. E foi aí que começou a amizade. Antes do Facebook, não havia amigos.

sábado, 4 de fevereiro de 2023

quinta-feira, 25 de agosto de 2022

Eu sou o outro

Foto Tarrenego!
É uma chatice ter um nome assim como o meu, tão aparentemente distintivo, e afinal não ser caso único. Já não me bastava a complicação de passar a vida a repetir vezes sem conta o meu sobrenome ao telefone, sem que ninguém me perceba, acabando depois por dizer que me chamo Hernâni Silva, e fica o assunto resolvido, descobri aqui atrasado que há dois Hernâni Von Doellinger no Facebook e um deles figura também no catálogo de um site de encontros. Serão meus parentes e boa gente certamente que por acaso não conheço, e a culpa há-de ser minha, mas juro que não sou eu. Não sou nenhum dos dois nem sou os dois. Não aderi ao Facebook, desinteressa-me. E não procuro parceira, estou servido. Eu sou o outro Hernâni Von Doellinger. Ou Silva, se der mais jeito.

Bruxedos e outros medos

Durante uma semana, um alguidar contendo um enorme galo sem cabeça e outras miudezas feiticeiras esteve em exposição no passeio junto ao por...