O almário era um móvel de madeira, metal ou outro material com prateleiras, gavetas e portas, utilizado para arrumar roupas, louças, livros e outras cangalhadas. Dir-me-ão: mas isso é armário! Sim, é armário, que por acaso também é o móvel onde se guardam armas, pessoa grande, larga e robusta e sítio de onde saem homossexuais, mas em Fafe os mais antigos e mais do povo chamavam almário ao armário, talvez embalados por ecos galegos. E chamavam bem, a palavra está correcta, devidamente registada, e ainda hoje tem bom uso quanto mais não seja literário.
Almário, digo agora eu, seria igualmente bonito se entendido como aquele cómodo da casa ou de nós onde guardamos os sentimentos, todos os nossos estados de alma, uma espécie de almazém. Isso mesmo, almazém, leram bem, não é engano. Almazém, que era como também se dizia armazém em Fafe. E estava certo, almazém. E está certo! E se, por outro lado, almazém pudesse ser, proponho, um armazém de almas? De almários?
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