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segunda-feira, 4 de agosto de 2025

Fafe em ponto

Pegou em todas as suas economias e comprou um relógio de ponto. Agora já só lhe falta o emprego.

O mundo girava ao ritmo dos sinos da Igreja Nova e do apito da Fábrica do Ferro. Estávamos em Fafe e naquele tempo não me constava que houvesse outro mundo. A vida, as horas, os chamamentos, era tudo com norma, à tabela e a toques. Para a fé e para o trabalho, para a devoção e para a exploração - os sinos avisavam para a missa, o apito marcava a mudança de turnos, entradas e saídas de povo às revoadas na velha Companhia de Fiação e Tecidos de Fafe. Comia-se quando a igreja desse meio-dia. Aquelas eram as horas certas de Fafe. Oficiais.
Claro que havia quem destoasse, porque o mundo, para ser realmente mundo completo, e Fafe era completíssimo, tem de ter de tudo, mesmo tolos e destoantes, senão o que é que seria de mim? E era também o caso daquele operário da Fábrica do Ferro que uma vez foi impedido de picar o ponto para pegar ao serviço, porque, disseram-lhe, passava um minuto da hora.
- Estás atrasado! Não ouviste o apito? - atirou o porteiro.
- O apito está adiantado, ainda faltam dois minutos. Olha, tenho e relógio acertado pela Emissora Nacional! - argumentou o operário.
- Então vai trabalhar para a Emissora Nacional... - mandou o porteiro.

Era assim a vida. Era assim o mundo. E o mundo era em Fafe, disso não há dúvidas.

P.S. - Versão revista e aumentada, publicada no meu blogue Mistérios de Fafe. A Emissora Nacional, actual RDP, foi fundada oficialmente no dia 4 de Agosto de 1935. Era a rádio nacional e rádio do regime. Os seus "pis" horários, antes dos noticiários, acertavam os relógios do país inteiro.

sábado, 31 de maio de 2025

Biblioteca alarga horário


A Biblioteca Municipal de Fafe alarga o seu horário durante o mês de Junho. De segunda a sexta-feira, estará aberta das 9 às 20 horas. Mantendo-se os sábados, das 9h30 às 13 horas.

sábado, 29 de março de 2025

As horas, a toque de caixa

O mundo girava ao ritmo dos sinos da Igreja Nova e do apito da Fábrica do Ferro. Estávamos em Fafe e naquele tempo não me constava que houvesse outro mundo. A vida, as horas, os chamamentos, era tudo com norma, à tabela e a toque. Para a fé e para o trabalho, para a devoção e para a exploração - os sinos avisavam para a missa, o apito marcava a mudança de turnos, entradas e saídas de povo às revoadas na velha Companhia de Fiação e Tecidos de Fafe. Comia-se quando a igreja desse meio-dia. Aquelas eram as horas certas de Fafe. Oficiais.
Claro que havia quem destoasse, porque o mundo, para ser realmente mundo completo, e Fafe era, tem de ter de tudo, mesmo tolos e destoantes, senão o que é que seria de mim? E era também o caso daquele operário da Fábrica do Ferro que uma vez foi impedido de picar o ponto para pegar ao serviço, porque, disseram-lhe, passava um minuto da hora.
- Estás atrasado! Não ouviste o apito? - atirou o porteiro.
- O apito está adiantado, ainda faltam dois minutos. Olha, tenho e relógio acertado pela Emissora Nacional! - argumentou o operário.
- Então vai trabalhar para a Emissora Nacional... - mandou o porteiro.

Era assim a vida. Era assim o mundo. E o mundo era em Fafe, disso não há dúvidas. 

P.S. - Logo à noite muda a hora. A Emissora Nacional era a actual RDP. Era a rádio nacional e rádio do regime. Os seus "pis" horários, antes dos noticiários, acertavam os relógios do país inteiro.

sexta-feira, 23 de junho de 2023

Os dias inúteis

Embirro solenemente com a terminologia manga-de-alpaca dos "dias úteis" e das "horas de expediente". A que propósito é que os nanocrânios da inexplicável burocracia terreiro-paçal determinaram e mandaram publicar que os meus sábados, os meus domingos, os meus feriados e dias santos, as minhas férias, se eu as tivesse, ou as férias deles são dias, por assim dizer, imprestáveis para a Nação? Quem lhes deu semelhante poder?
Onde é que estas sumidades acéfalas foram buscar a peregrina ideia de que os meus melhores dias não prestam? Eu, que tenho a mania de ser antes pelo contrário, desrespeito-os, desobedeço-lhes e contrario-os com quanta força consigo, e gozo como um perdido nos fins-de-semana e correlativos. Por acaso até são os meus dias mais úteis, a minha mulher que diga.
Depois, chateiam-me as "horas de expediente", expressão tão prestável ao duplo sentido e que sempre me deixou com a pulga atrás da orelha. A minha dúvida é apenas esta, segredada pela pulga residente: será que, das 9 às 17, nas Finanças, no Registo, nas autarquias ou nos ministérios, o papel do funcionalismo passa por lançar mão de todos os truques e armadilhas possíveis e inimagináveis para nos infernizar a vida e sacar-nos tudo, até o cotão dos bolsos, a mando do Estado? Então mais vale ir lá bater à porta depois do fecho dos serviços. Pode ser que, sem a obrigação do expediente, sejamos enfim atendidos com honradez.

P.S. - Hoje é Dia das Nações Unidas para o Serviço Público.

Bruxedos e outros medos

Durante uma semana, um alguidar contendo um enorme galo sem cabeça e outras miudezas feiticeiras esteve em exposição no passeio junto ao por...