Cansado de ser um deus menor, Aristeu aprendeu a contar pelos dedos e dedicou-se às matemáticas, adoptando o astuto cognome de o Velho - Aristeu, o Velho -, isto já para aí trezentos anos antes de Cristo ter vindo ao mundo. Mais de vinte séculos depois meteu-se no comboio e estabeleceu-se em Fafe, com a Loja Nova, extraordinária catedral de mercearia fina e grossa, drogaria e bebidas várias, alfaias agrícolas, verguinha e outro material de construção, louças e todo o tipo de ferragens, que ocupava quase um quarteirão inteiro, ao lado do Peludo e em frente à Casa da Cera, com a Feira das Galinhas atrás. O Senhor Aristeu da Loja Nova, fafense excelentíssimo, era um vivaço. Gentil, elegante, conservador e culto, molageiro com as mulheres, às vezes vestia bata de cotim no trabalho e tinha sempre uma piada na ponta da língua. A Loja Nova morreu de velha.
O textinho acima, escrevi-o em Junho de 2018, no meu blogue Tarrenego!, acrescentando mais um capítulo à série "Lições de História". Este publicação mereceu, na altura, um "reparo" por parte de Pedro Sousa, que está dentro do assunto. Um "reparo" que, na verdade, é um mimo, tal a gentileza e a limpidez literária que o enformam, e que eu em tempo agradeci e hoje aqui destaco. Dizia assim:
Receio que na segunda parte da "estória" do Aristeu tenha confundido o próprio com o irmão João e com o pai de ambos.
Na realidade, o Aristeu não veio, passados 20 séculos, para Fafe de comboio. Limitou-se a reencarnar num moço que nasceu, em 1915, na rua Monsenhor Vieira de Castro. Nessa altura, já cá andava a Loja Nova, ainda viçosa, pronta a mudar-se, daí a dois anos, para o sítio onde viria a falecer no final do século. Estoiradinha.
O pai do Aristeu, que lhe asseguro não ter sido nenhum Apolo, é que poderia ter arribado a Fafe de comboio se a respetiva linha já existisse. Porém, como a dita linha ainda não estava alinhada, terá porventura apanhado um táxi.
Peço-lhe desculpa pelo reparo a um simples exercício de escrita que possivelmente até ficou mais divertido por ter acrescentado, a um deus menor, três homens e um comboio.
De resto, apenas espero que continue a escrever sobre Fafe dessa forma apurada, refrescante e bem-humorada.
Cumprimentos,
Pedro Sousa
Caro Hernâni,
Antes de mais, quero dizer-lhe que sou um atento seguidor do seu blogue.Receio que na segunda parte da "estória" do Aristeu tenha confundido o próprio com o irmão João e com o pai de ambos.
Na realidade, o Aristeu não veio, passados 20 séculos, para Fafe de comboio. Limitou-se a reencarnar num moço que nasceu, em 1915, na rua Monsenhor Vieira de Castro. Nessa altura, já cá andava a Loja Nova, ainda viçosa, pronta a mudar-se, daí a dois anos, para o sítio onde viria a falecer no final do século. Estoiradinha.
O pai do Aristeu, que lhe asseguro não ter sido nenhum Apolo, é que poderia ter arribado a Fafe de comboio se a respetiva linha já existisse. Porém, como a dita linha ainda não estava alinhada, terá porventura apanhado um táxi.
Peço-lhe desculpa pelo reparo a um simples exercício de escrita que possivelmente até ficou mais divertido por ter acrescentado, a um deus menor, três homens e um comboio.
De resto, apenas espero que continue a escrever sobre Fafe dessa forma apurada, refrescante e bem-humorada.
Cumprimentos,
Pedro Sousa
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